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Pisos de concreto reforçados por fibras: como garantir a qualidade do material?

Introdução

Os pisos industriais executados com concreto reforçado com fibras (CRF) são uma solução cada vez mais comum em projetos que exigem desempenho estrutural, durabilidade e resistência à fissuração. No entanto, o sucesso dessa solução depende de uma etapa fundamental: o controle de qualidade do material.

  1. Ensaio de Flexão: 3 Pontos e 4 Pontos

O controle de qualidade do CRF exige ensaios de desempenho. Os dois métodos principais são:

  • Flexão em 3 pontos (3P):
    Normatizado no Brasil pela ABNT NBR 16940, esse ensaio utiliza um corpo de prova prismático entalhado e aplica carga no centro do vão. Mede-se a abertura da fissura (CMOD), sendo possível obter:
    • fLOP – resistência à fissuração inicial
    • fR1 – resistência residual para abertura de 0,5 mm
    • fR4– resistência residual para abertura de 3,5 mm
  • Flexão em 4 pontos (4P):
    Usado internacionalmente (como em ASTM C1609), mede-se a deflexão no centro do vão, e calcula-se o parâmetro Re₃ — que representa a razão entre a resistência residual a 3 mm de deflexão e a carga de fissura inicial (fLOP), expressa em %.
  • Apenas o ensaio 3P é normatizado no Brasil. O 4P é comum em normas americanas como o ACI 360.

    IMAGENS DE MANFREDI ET AL, 2021

    1. Propriedades Relevantes para Projeto

    Para um controle de qualidade confiável, é essencial medir e comparar:

    • fLOP – Resistencia à primeira fissura.
    • fR1 – resistência após fissura incipiente (0,5 mm)
    • fR4 – resistência em abertura avançada (3,5 mm)
    • Re₃ – resistência residual relativa aos 3 mm de deflexão (em %)
    • Tenacidade pós-fissura
    • Resistência à abrasão e impacto

    Esses parâmetros revelam a capacidade do CRF de manter integridade mesmo após a fissuração.

    1. Boas Práticas de Controle de Qualidade
    • Selecionar o tipo e teor de fibra com base na NBR 16938
    • Moldar e curar os corpos de prova conforme a NBR 5738
    • Executar o ensaio 3P segundo a NBR 16940, com transdutor no entalhe
    • Analisar os parâmetros obtidos conforme NBR 16935
    • Avaliar curva carga × CMOD e/ou deflexão conforme a norma adotada
    1. Normas Técnicas Relevantes

    Normas Brasileiras:

    • NBR 16938:2021 – Requisitos gerais para concreto com fibras
    • NBR 16940:2021 – Ensaio de flexão em 3 pontos com CMOD
    • NBR 16935:2021 – Critérios de projeto com base nos parâmetros fR1 e fR4

    Normas Internacionais:

    • EN 14651 – Base para fR1 e fR4 na Europa
    • TR34 (UK): usa fR1 e fR4 para cálculo estrutural
    • ASTM C1609 (EUA): base para ensaio de 4P e cálculo de Re₃
    • ACI 360 (EUA): utiliza Re₃ como referência de desempenho

    Conclusão

    Um CRF pode ser excelente — mas sem controle de qualidade, ele é apenas uma promessa. Executar ensaios padronizados, interpretar os parâmetros corretos e comparar com critérios de projeto são passos essenciais para pisos mais seguros e duráveis.

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